quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Coisas que a gente perde viajando

Perdi meu secador de cabelo e meu Mp4 (ambos 110volts), quando os pluguei em uma tomada 220. Perdi inúmeros brincos, mundo afora, e ainda não faço a menor idéia de como eles sempre desaparecem das minhas orelhas. Perdi as contas de quantas vezes fui obrigada a comprar meias-calças, mesmo não achando que elas sejam "sedutoras" (muito menos confortáveis) e mesmo sabendo que duram apenas uma vez. Mas, foram elas que fizeram com que eu não perdesse o costume de usar vestidos e saias durante o inverno europeu.

Perdi um trem para Amsterdam, porque cheguei 1 segundo atrasada. Perdi o ticket do meu transfer até o aeroporto, em Barcelona, depois de 3 minutos que eu o havia comprado. E neste mesmo lugar, eu perdi totalmente "a noção" depois de passar uma virada do ano, no mínimo, bizarra!

Perdi a fome, muitas vezes, por ver pessoas comendo pão com maionese, queijo e granulado (argh!). E ainda perco, toda vez que vejo os atendentes recebendo o dinheiro, não lavando a mão e entregando a comida. Mas, perdi o nojo na França e me rendi ao scargot.

Perdi o sono depois de chegar as 04:00 da manhã na estação de Praga, e ter que ficar esperando o sol nascer ao lado de mendigos, bêbados e homens brigando. Perdi "a linha" depois de uma noite open bar em Budapeste. Me perdi na Bulgária, infinitas vezes, porque as pessoas só me davam informação em búlgaro ou russo. Perdi a frescura de levar salto alto na mochila, depois de ter ficado com várias bolhas nos pés.

Perdi a vergonha de me hospedar na casa de pessoas desconhecidas. Foi justamente graças a todas elas, que eu não perdi a oportunidade de conhecer tantos países na Europa. Depois disso, perdeu a graça visitar apenas os lugares turísticos e perdi o sossego, porque desde então, não consigo mais cogitar a idéia de pagar hotel.

Perdi, há muito tempo, o medo de viajar sozinha. Também perdi a mania de deixar de jantar
em restaurantes, ir a baladas, ou sentar em um pub, só por não ter companhia. Mas, ainda perco a paciência, por encontrar tantos gringos que acham que toda brasileira é p*.

Perdi a vontade de falar com gente que só me pergunta, sobre a legalização das drogas na Holanda. Perco a esperança no ser humano, quando vejo pessoas que acham divertido quebrar garrafa de bebida alcoólica na rua. Ou ainda, quando vejo que muitos perderam o respeito e primitivamente, jogam lixo no chão. Apesar disso, também não quero entrar para aquele tal grupo, dos que não perdem o hábito de reclamar, e acreditam que o "mundo está perdido", mas não fazem nada para mudá-lo.

Quer saber? Eu ja perdi tanta coisa viajando, mas nunca quero perder esta paixão por viagens...Porque no fim, perder e ganhar são, simplesmente, dois lados da mesma moeda!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Uma tarde com o Tijmen...

Este vídeo foi gravado durante uma tarde em que eu estava sozinha em casa com o Tijmen (A Karlijn estava no Balé).

Apesar de ter apenas 5 anos, ele já consegue entender várias palavras em inglês, desde que sejam pronunciadas pausadamente. Até mesmo quando eu converso com ele em holandês, ele também tenta responder na língua inglesa.

Assistam e apaixonem-se pelo meu "dutch guy"!!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pedalar é...




Protagonista da minha infância e hoje, parte fundamental da minha rotina. Como falar dos Países Baixos sem citar a tal da bicicleta?

Posso afirmar que durante todos os dias em que eu vivi aqui, eu pedalei. Durante TODOS! Com sol, chuva, vento, neve, disposta, cansada, sozinha ou acompanhada. Seja por obrigação ou opção, ela se fez presente.

Em um país tão organizado aos ciclistas, com direito a estradas próprias, semáforos, mapas de rotas específicas, não tinha como não se envolver com esta filosofia de vida. Uma paixão redescoberta!

Percebi que depois de um dia estressante, pedalar faz com que eu relaxe, pense, reflita, absorva, entenda. São durante as minhas voltas de bike que eu organizo as idéias, que eu relembro fatos já ocorridos, que eu traço mais metas, que eu, simplesmente, aprecio a bucólica paisagem holandesa, ou até mesmo, belga!

Pedalando eu me sinto mais viva! É conhecer lugares, tentar novas trilhas, se perder, se encontrar, descobrir, quebrar fronteiras...É cair, levantar, prosseguir. Alguns caminhos mais simples, outros mais complicados. É a mais pura metáfora da vida...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Pais holandeses


Durante as férias escolares, ficou decidido que as crianças que eu cuido, passariam 2 semanas com os avós e depois, viajariam 3 semanas com os pais. Assim, desde segunda-feira passada estou em casa apenas com meus "pais" holandeses.

Apesar de já sentir falta dos meus 2 pentelhinhos (rs), confesso que passar estes dias de férias estão me fazendo muito bem! Sem horário para acordar, sem obrigação, com tempo suficiente para planejar minha próxima viagem, pedalar no fim da tarde, correr às margens do rio, estudar francês enquanto eu tomo sol no parque, aproveitar pra ficar sozinha, colocar as idéias no lugar...

Mas, mais do que relaxar ou investir nos meus planos futuros, este tempo está sendo fundamental para eu curtir a companhia do Mark e da Gerwin (os tais pais holandeses). Sem as manhas ou os choros inesperados na hora do jantar, as conversas ficaram mais intensas, a cumplicidade aumentou e a nostalgia já acontece.

Hoje a noite eu preparei um jantar brasileiro para os dois. Enquanto jantávamos, relembramos os fatos que aconteceram nestes últimos meses. O dia da minha chegada, a ansiedade, a expectativa, o período de adaptação, o choque cultural, os pontos de vista, as viagens, as surpresas, as diferenças, os desabafos...Quanta coisa aconteceu em tão pouco tempo!

É, e entre tantos lugares, tantas famílias, tantos caminhos, eu vim parar logo aqui! Ainda nao entendo o porquê, mas não poderia ter escolhido melhor. Afinal, eu acabei vindo morar com a segunda melhor família do mundo. Porque a primeira, está me esperando lá no Brasil...